SOBRE AS DIFICULDADES DA VIDA

Quem acompanha o blog sabe que já passei por diversas dificuldades, violência fisica, mental e sexual. Mas a que mais me incomodou foi a humilhação.  Eu já havia contado aqui mas voi repetir caso alguém não tenha lido.
Sustentei o pai do meu filho anos a fio. Ganhava extremamente bem mas todo o dinheiro era depositado na conta conjunta a qual ele tomava conta. Nem um sapato comprava sem pedir permissão. Eu ficava desolada porque só eu trabalhava, estudava e ele gastava o meu dinheiro.
Mas quando decidi parar de trabalhar para ficar com meu filho( e meu filho tinha mais de 1 aninho e sistentava o pai dele mais de 10 anos) a primeira coisa que ele fez foi não me dar dinheiro para comer. Ele dava apenas o suficiente para o básico do meu filho, claro ele gastava com outras mulheres, inclusive pagando planos de saude para elas mas eu e meu filho não tinhamos.
Certo dia eu tinha 70 centavos. Nesse dia o calor era insuportável. Saí de casa para pegar meu filho na escola com os 70 centavos por todo caminho se pegava ele e voltava de ônibus ou comprava 100g de linguiça( e não era das melhores) para dar pro meu filho.
Aquele caminho não saiu da minha cabeça nunca mais. Fui chorando por todo o caminho, me sentindo a pior das criaturas e pensando como alguém que sustentei por tanto tempo, inclusive dando varios carros, podia ser tão cruel. Passei a pintar cabelo e fazer sombrancelhas de mães da escola que meu filho estudava por 5, 10 reais para comprar alimento e material de higiene.
Quando reclamava ele me dizia para trabalhar para ter o que comer. E pensava que desde o namoro o que mais fiz foi comer em restaurantes com ele, fora o que ele comia com "as outras".
Chegou em um ponto que comia nos fins de semana quando ia para meus pais.
Mas eu morava em uma comunidade. Comunidade que me viu crescer, não era inconum encontrar alguém que conhecia meusvpais e perguntar por eles. Muitas vezes ia a padaria e levava 15 minutos para voltar porque a cada passo que dava encontrava alguém
Eram pessoas de uma época que se você ficasse em casa 2 dias seguidos sem aparecer era certo de baterem na sua porta para saber o que estava havendo.
Também havia o costume de que quando se fazia algo especial como um bolo, pudim, feijão com legumes, angu, arroz doce, essas coisas que rendem muito, se dava aos vizinhos e volta e meia aparecia algo e eu comia aquilo que meu filho já não queria. Nessa época passei a pesar 40 kg. Tenho 1.60 de altura e muitas vezes tinha que carregar meu filho no colo já grande porque ele teve febre reumática e seus joelhos doíam.  E era ele, a mochila, as compras...não foi a toa que tive hernia de disco.
Presentes para ele no natal só dava pra ser no camelô.
Certa vez, fiquei com pena comprei um "autorama" mas o troço não funcionava direito. Roupas? Apenas aquelas que minha prima descartava e eu pegava o que dava para mim.
Era uma miseria e humilhação só.  Nem quero entrar no mérito da violencia sexual do meu marido contra mim porque já falei disto em outro post.
Me separei e voltei a trabalhar e mesmo ganhando pouco senti o gostinho de poder escolher o que comprar, de poder pagar as contas, de ser independente e sozinha sustentar meu filho.
Quando me casei de novo minha vida foi de miserável a riquinha. Todos os fins de semana fazia todas as refeições na rua. Sempre vinha pra casa com bolsas de coisas para mim, E sapatos, roupas, e pro meu filho também. E assim foi por muito tempo até que....um dia...as coisas começaram a apertar, bem devagar, mas foi apertanto, apertando, apertando.
Já não era mais a riquinha mas iamos vivendo.
Sempre tive FÉ que Deus sempre me daria o café da manhã e me indicaria como fazer no resto do dia.
Mas atualmente a situação piorou mesmo. Principalmente porque com o falecimento da minha mãe não recebi dinheiro de natal e nem aniversario, nem como ela fazia, comprar uma toalha de prato.😔
Com Luiz doente e a empresa em crise novamente estou tendo que me virar mas agora eu também estou doente e tudo passa pela cabeça, como arrumar dinheiro. Meu pai até compra algumas pequenas coisas mas sempre foi o tipo de pessoa que joga na cara e eu não gosto disto. Prefiro então não pedir.
Marido ficou 55 dias no hospital com ele, primeiro porque tinha de cuidar da casa e segundo porque a comida do hospital era caríssima e não tinhamos condições de pagar no minimo 70 reais por dia.
Eu sei que como dá outra vez esse periodo ruim vai passar. Não há mal que dure para sempre.  Eu só não sei quando vai ser e como vou resolver essa equação da vida.
Por enquanto não tenho o que fazer até ele recuperar a perna e sei que isso leva no minimo uns 6 meses.
A maior dificuldade que estou encontrando é quevdiferente da primeira vez não estou em uma comunidade. O vizinho não bate mais a porta com uma panelinha embrulhada num pano de prato.
E é essa indiferença das pessoas que dói.  Que machuca. Essa falta de empatia de pessoas proximas.
Sem minha mãe e sem uma rede de proteção de pessoas que achamos que deveriam nos apoiar só olham para si mesmo.
Outra dificuldade. Outra vez a vida me testando.
O que vai vir pra frente eu não sei.
A novela é minha mas nunca sei o capítulo seguinte.



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

REFLEXÃO. O PAPEL AMASSADO

SOBRE INGRATIDÃO E PESSOAS PREPOTENTES

O ETERNO DILEMA NATAL X ANO NOVO