A MATERNIDADE
Estou prestes a me tornar tia- avó e me lembro da minha sobrinha desde adolescente comprando coisas de bebê e dizendo que seu sonho era se tornar mãe.
E me pergunto, será que ser mãe é um dom? Será que nascemos para isso?
Então devo pensar na minha experiencia em ser mãe.
Desde pequenina, amava bonecas. Aliás ainda acho uma graça. Me recordo que quando ia ganhar uma boneca nova dizia que ia para a maternidade e preparava meu bercinho de bonecas e ficava arrumando as roupinhas. Mas isso é ter dom para ser mãe?
Eu pensava as vezes, que ia me casar e iria ter dois filhos. Mas não creio que fosse o tal dom e sim uma reprodução das vidas que via ao meu redor.Todos casavam e tinham filhos.
Quando estava com 3 anos de casada, no meu primeiro casamento, pensei que era a hora de engravidar. Era o ciclo da vida.
Tinha uma certa inveja de pessoas cujas vidas eram totalmente planejadas, estudar, namorar, noivar, casar, comprar uma casa, ter um filho. Mas nada na minha vida foi assim. Pelo contrário. Mesmo assim, resolvi falar isto com meu primeiro marido. Qual foi a surpresa desagradável quando ele falou que não queria ter filhos pois não havia nascido para ser pai.
Então tá, sem filhos então.
Pensei então no meu futuro, ou fazer mestrado na área que atuava ou mudar totalmente de área e tentar ser comissária de bordo. Isso ocuparia meu tempo dali para frente.
Comecei a planejar e correr atrás dessas opções.
Foi uma época confusa, não sabia muito bem o que ia fazer concretamente.
Me surpreendi quando descobri que estava grávida em agosto de 1988. Foi um choque para mim. Primeiro porque o pai havia me dito que não queria ser pai, segundo porque já tinha aceitado o fato de que iria mudar de profissão e já me via voando por aí, já que até entrevista tinha feito.
Pensei, o que vou fazer?
Era óbvio, pensei em abortar. Falei com meu ex marido e qual foi minha surpresa quando ele se recusou.
Na minha mente eu não aceitava e levei algum tempo para aceitar.
Como poderia gostar de estar numa situação que não estava preparada, ter aqueles enjoos horrorosos e além de tudo meus planos estavam indo por água abaixo?
Chorava, chorava muito. Estava presa. Comecei a fazer o pré natal, exames.
Mas fiquei emocionada quando o bebê se mexeu pela primeira vez. Os enjoos haviam passado, a barriguinha começou a aparecer e minha energia voltou. Comecei a aceitar e gostar de estar grávida.
Em um casamento abusivo como o meu, meu filho passou a ser uma companhia, um amigo e mais, enquanto grávida não sofria abusos físicos. Os emocionais ainda existiam alguns mas eram sempre menores.
Estava ocupada em pensar naquele serzinho que ia chegar que até me esqueci de mim mesmo. Opa...será que isto é ser mãe?
Tá, mas como sonhadora pelo menos iria fazer meus planos para o parto. Sonhava com um bem sucedido parto natural. humpf..nada disso.
Tive que fazer indução, tive que tomar epidural, tive uma hemorragia severa e tive que fazer uma cesárea de emergência. Mas ele nasceu, e nasceu saudável e fiquei emocionada quando colocaram ele no meu colo e ele parou de chorar. Ele me conhecia, é fato.
Me lembro de que na noite do dia que meu filho nasceu fiquei sentindo falta da minha barriga de grávida. Era tão bom estar conectado a alguém daquela forma.
Quando os carrinhos com os bercinhos chegavam ao andar para amamentação, conhecia a distância o choro do meu bebê, sabia que era ele que vinha.
Mas isso é dom ou instinto?
Com certeza a gravidez e o parto nos prepare para imprevisibilidade da vida futura. Temos um ser dentro da gente que é parte de nós mas não sabemos como ele vai ser, o que ele vai ser, como vai se comportar, do que vai gostar e como reagiremos a isso tudo.
Ser mãe é ter bom senso, ser equilibrados, ter estrutura. Você APRENDE a ser mãe. Não é tão somente um dom. Me lembro de uma entrevista com Hillary Clinton onde ela contava a primeira noite com sua filha em casa, a bebê chorava e ela disse calmamente para a filha: "olha, é a primeira vez que sou mãe, e você um bebê. Vamos trabalhar nisso juntas para que dê certo...". É essa calma de que falo.
Vejo alguns cursinhos de maternidade mas é só voltado para o parto e o recém nascido mas a parte mais crítica vem depois. E para isso não tem cursinho nenhum. Temos que aprender conforme os problemas vão aparecendo. Assim fiz.
Mesmo com um pai biológico, praticamente criei meu filho sozinha e querem saber, creio que o criei muito bem.
As vezes sou amiga e quando preciso sou mãe. Muitas vezes fui pai. E fui e serei tudo aquilo que ele precisar e eu puder ser.
Apesar de ter ficado grávida em um momento da vida super confusa, tive a melhor experiência de gravidez e parto que pude. Não me arrependo mas não acredito que todas as mulheres precisem ter essa experiência para serem completas.
Além do mais precisamos de maturidade para assumir essa responsabilidade. Responsabilidade para toda uma vida.
Não estou dizendo que quem não é maduro não possa se tornar boa mãe mas mulheres mais maduras sabem melhor o que esperar e conseguem passar por essa transição com mais facilidade.
Ainda não descobri se ser mãe ou pai é um dom, se é instintivo ou se aprende. Talvez seja tudo isso junto.
Ser mãe é trabalhoso, é trabalho em período integral, sem férias e para sempre.
Talvez seja um dos trabalhos mais difíceis mas com certeza é um dos mais gratificantes. E o maior presente para seu filho são seus ensinamentos e seu exemplo.
Adorei ser mãe, adorei estar grávida, adorei amamentar e hoje adoro ter um filho criado, um homem do qual posso me orgulhar.
E hoje, sabendo do meu problema com a síndrome de Hughes considero minha maternidade um milagre já que jamais poderia ter engravidado.
" Vós, pais, são como arcos, que lançam seus filhos como flechas na vida, orientando sua direção e velocidade. "
E me pergunto, será que ser mãe é um dom? Será que nascemos para isso?
Então devo pensar na minha experiencia em ser mãe.
Desde pequenina, amava bonecas. Aliás ainda acho uma graça. Me recordo que quando ia ganhar uma boneca nova dizia que ia para a maternidade e preparava meu bercinho de bonecas e ficava arrumando as roupinhas. Mas isso é ter dom para ser mãe?
Eu pensava as vezes, que ia me casar e iria ter dois filhos. Mas não creio que fosse o tal dom e sim uma reprodução das vidas que via ao meu redor.Todos casavam e tinham filhos.
Quando estava com 3 anos de casada, no meu primeiro casamento, pensei que era a hora de engravidar. Era o ciclo da vida.
Tinha uma certa inveja de pessoas cujas vidas eram totalmente planejadas, estudar, namorar, noivar, casar, comprar uma casa, ter um filho. Mas nada na minha vida foi assim. Pelo contrário. Mesmo assim, resolvi falar isto com meu primeiro marido. Qual foi a surpresa desagradável quando ele falou que não queria ter filhos pois não havia nascido para ser pai.
Então tá, sem filhos então.
Pensei então no meu futuro, ou fazer mestrado na área que atuava ou mudar totalmente de área e tentar ser comissária de bordo. Isso ocuparia meu tempo dali para frente.
Comecei a planejar e correr atrás dessas opções.
Foi uma época confusa, não sabia muito bem o que ia fazer concretamente.
Me surpreendi quando descobri que estava grávida em agosto de 1988. Foi um choque para mim. Primeiro porque o pai havia me dito que não queria ser pai, segundo porque já tinha aceitado o fato de que iria mudar de profissão e já me via voando por aí, já que até entrevista tinha feito.
Pensei, o que vou fazer?
Era óbvio, pensei em abortar. Falei com meu ex marido e qual foi minha surpresa quando ele se recusou.
Na minha mente eu não aceitava e levei algum tempo para aceitar.
Como poderia gostar de estar numa situação que não estava preparada, ter aqueles enjoos horrorosos e além de tudo meus planos estavam indo por água abaixo?
Chorava, chorava muito. Estava presa. Comecei a fazer o pré natal, exames.
Mas fiquei emocionada quando o bebê se mexeu pela primeira vez. Os enjoos haviam passado, a barriguinha começou a aparecer e minha energia voltou. Comecei a aceitar e gostar de estar grávida.
Em um casamento abusivo como o meu, meu filho passou a ser uma companhia, um amigo e mais, enquanto grávida não sofria abusos físicos. Os emocionais ainda existiam alguns mas eram sempre menores.
Estava ocupada em pensar naquele serzinho que ia chegar que até me esqueci de mim mesmo. Opa...será que isto é ser mãe?
Tá, mas como sonhadora pelo menos iria fazer meus planos para o parto. Sonhava com um bem sucedido parto natural. humpf..nada disso.
Tive que fazer indução, tive que tomar epidural, tive uma hemorragia severa e tive que fazer uma cesárea de emergência. Mas ele nasceu, e nasceu saudável e fiquei emocionada quando colocaram ele no meu colo e ele parou de chorar. Ele me conhecia, é fato.
Me lembro de que na noite do dia que meu filho nasceu fiquei sentindo falta da minha barriga de grávida. Era tão bom estar conectado a alguém daquela forma.
Quando os carrinhos com os bercinhos chegavam ao andar para amamentação, conhecia a distância o choro do meu bebê, sabia que era ele que vinha.
Mas isso é dom ou instinto?
Com certeza a gravidez e o parto nos prepare para imprevisibilidade da vida futura. Temos um ser dentro da gente que é parte de nós mas não sabemos como ele vai ser, o que ele vai ser, como vai se comportar, do que vai gostar e como reagiremos a isso tudo.
Ser mãe é ter bom senso, ser equilibrados, ter estrutura. Você APRENDE a ser mãe. Não é tão somente um dom. Me lembro de uma entrevista com Hillary Clinton onde ela contava a primeira noite com sua filha em casa, a bebê chorava e ela disse calmamente para a filha: "olha, é a primeira vez que sou mãe, e você um bebê. Vamos trabalhar nisso juntas para que dê certo...". É essa calma de que falo.
Vejo alguns cursinhos de maternidade mas é só voltado para o parto e o recém nascido mas a parte mais crítica vem depois. E para isso não tem cursinho nenhum. Temos que aprender conforme os problemas vão aparecendo. Assim fiz.
Mesmo com um pai biológico, praticamente criei meu filho sozinha e querem saber, creio que o criei muito bem.
As vezes sou amiga e quando preciso sou mãe. Muitas vezes fui pai. E fui e serei tudo aquilo que ele precisar e eu puder ser.
Apesar de ter ficado grávida em um momento da vida super confusa, tive a melhor experiência de gravidez e parto que pude. Não me arrependo mas não acredito que todas as mulheres precisem ter essa experiência para serem completas.
Além do mais precisamos de maturidade para assumir essa responsabilidade. Responsabilidade para toda uma vida.
Não estou dizendo que quem não é maduro não possa se tornar boa mãe mas mulheres mais maduras sabem melhor o que esperar e conseguem passar por essa transição com mais facilidade.
Ainda não descobri se ser mãe ou pai é um dom, se é instintivo ou se aprende. Talvez seja tudo isso junto.
Ser mãe é trabalhoso, é trabalho em período integral, sem férias e para sempre.
Talvez seja um dos trabalhos mais difíceis mas com certeza é um dos mais gratificantes. E o maior presente para seu filho são seus ensinamentos e seu exemplo.
Adorei ser mãe, adorei estar grávida, adorei amamentar e hoje adoro ter um filho criado, um homem do qual posso me orgulhar.
E hoje, sabendo do meu problema com a síndrome de Hughes considero minha maternidade um milagre já que jamais poderia ter engravidado.
" Vós, pais, são como arcos, que lançam seus filhos como flechas na vida, orientando sua direção e velocidade. "
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