Quando minhas raízes foram arrancadas.

Traumas...são marcas tão profundas que mesmo quando você acha que não as tem elas dão um jeito de aparecer. O primeiro trauma que tenho e que vou dividir com vocês foi minha volta ao Brasil. Foi para mim algo tão violento que me tirou o chão. Em 1978 meu pai, militar, foi convocado para trabalhar em Santa Cruz de la Sierra, Bolívia. Naquela época pais decidiam a vida dos seus filhos sem ao menos perguntar o que achavam. Meu pai foi na frente, mas eu nem tinha me dado conta de que aquilo era real pois meu pai sempre viajava a serviço e ficava meses fora. Um dia, ao chegar em casa vi que não havia móveis, as roupas estavam penduradas em um barbante esticado e havia malas por todos os cômodos. Foi então que me dei conta que realmente algo estava para acontecer e que me envolvia. Na realidade, não sentia nada a esse respeito, não tinha grandes amigos por aqui, não tinha muita atenção dos meus pais porque tinha uma irmã e uma sobrinha e também avó e tio doentes que consumiam a atenção ...