EU NASCI!!!!!

Nada como começar o blog com meu nascimento e óbvio que até meu nascimento não poderia ser algo normal e corriqueiro. Sim, ele tem uma história pitoresca.
Bom,  para eu nascer papai e mamãe se casaram. Eles se casaram em maio 1956 e em março de 1957 minha irmã nasceu.
E cadê eu? rs
Bom meu pai não queria outro filho e ele era implacável em controlar os períodos férteis da minha mãe. Porém mamãe tinha outros planos. QUERIA TER UM MENINO, pois meninos não "vingavam" na família, quando nasciam acabavam falecendo. Ou seja, a família Moraes só tinha mulheres. Eu não sei sinceramente o porquê de tanta fascinação, mas deve ter sido coisa de cultura mesmo.
Meu pai ao contrário não fazia a menor questão, “militarzão” do jeito que era é que ainda é estava muito satisfeito com a filha menina. Ele dizia que meninas são mais "dóceis" e fácil de controlarem, bom, naquela época até eram. rs
Minha mãe então 7 anos depois resolveu enganar papai para engravidar novamente e ter o tão sonhado filho homem. Ela começou a tomar pílulas (???) ou melhor, as jogava no vaso sanitário e com isso engravidou. Como meu pai era militar e viajava muito ficou muito mais fácil enganá-lo.
Antes de continuar a história gostaria de fazer um adendo de que quando criança, não sei por que,  achava que era adotada e vocês irão descobrir o porque disso no decorrer deste texto,
Continuando, quando meu pai descobriu que minha mãe ficou grávida ele ficou uma fera e deixou de falar com minha mãe, se sentiu talvez enganado mas principalmente sua autoridade foi posta a prova.
Os meses foram passando e no dia 20 de março de 1965, um sábado, minha mãe acordou com uma grande vontade de fazer faxina e isso as 05h30min da manhã. Minha avó materna que mais experiente e tinha tido 6 filhos ( o primeiro foi um menino que faleceu e depois 5 meninas que vingaram) chamou meu pai e disse "pode levar para o hospital, ela terá o bebê em breve".
Lá foi meu pai correr atrás de um carro para levar minha mãe ao hospital e minha mãe dizendo que não estava sentindo nada. Detalhe: ela queria era que o segundo filho nascesse no dia do primeiro pois minha irmã nascera no dia 21 de março.
Mas era eu né gente? Queria ter meu próprio dia!
E lá foi minha mãe no carro de um vizinho para o hospital, e ela lá toda feliz com sua barriga pontuda ( a da minha irmã era redonda) achando piamente que ia ter um menino.
Ansiosa do jeito que sou acabei nascendo em 20 minutos depois da entrada da minha mãe no hospital as 8:20 minutos do dia 20 de março de 1965.
Agora vem a parte meio engraçada, meio trágica da historia.
Quando eu nasci e minha mãe perguntou ao médico se era menina ou menino e o médico disse que era menina e perguntou se ela queria ver ela soltou um grande NÃO! A pobre devia estar morrendo de raiva coitada.
Levaram-me para o berçário eu dormi com os anjinhos, aliás amo dormir até hoje e fiquei quase o dia todo dormindo placidamente no berçário Mas uma hora a fome bateu e comecei a berrar e me levaram para minha mãe. Lembre-se que minha mãe não me havia me visto na sala de parto então nem tinha idéia de como era. Enfermeira entrou com um bebê branquinho, cabelos fartos pretos e escorridos, com olhinhos puxados iguais de orientais e entregou a minha mãe. Minha mãe começa a gritar na maternidade que eu não era filha dela, que não ia me amamentar, que a filha dela havia morrido e que tinha colocado a "filha de um japonês" no lugar e eu lá berrando de fome e toma de discussão, é, não é, é não é, e eu berrando. Até que resolveram chamar meu pai no serviço e ele foi ao hospital. Ele identificou um sinal, uma cartilagem que temos na orelha, meu pai, minha irmã e eu e com isso minha mãe se acalmou e me amamentou.
Fui para casa, mas eu era tão linda, mas tão linda, que meu pai me vendo e lembrando o fato que ele não me queria, dormiu meses sentado no chão ao lado do meu berço, pedindo desculpas por tudo que ele havia pensado ou feito. Não é fofo?
Talvez essa rejeição tenha me marcado tanto na gravidez e no parto e por isso que quando criança achava que era adotada e não sabia.
Só descobri toda essa historia na adolescência quando minha irmã num momento de raiva me disse que meu pai não me queria e eu fui perguntar.
No final das contas agradeço em ter descoberto pois só assim tirei da minha cabeça de uma vez por todas que era adotada.
Não, não tenho raiva dos meus pais por isso. Minha mãe tinha um sonho e meu pai queria estar seguro de que poderia dar o que podia para os filhos.
Mas se não fosse eles não estaria aqui contando todas essas histórias para vocês.
Até a próxima!

Comentários

  1. Amiga querida, finalmente consegui desvendar o mistério do meu perfil. Pelo menos parcialmente... rsrsrs!
    Acho que seus pais não deviam ter te contado isso, tem coisas que é melhor ficar sem saber. Espero que você tenha superado bem o seu nascimento incomum.
    Era uma gracinha de bebê!
    Beijo!

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  2. Você sabia que fiquei mais feliz ao saber? Acho que trouxe meus pais mais para perto de mim. Mostraram que eles são humanos e tem os mesmos sentimentos e medos que nós temos. Isso não me incomoda mesmo!

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  3. Que bom, então! A maioria não ia encarar assim numa boa.

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